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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Ministério da Saúde alerta sobre a situação epidemiológica da coqueluche no Brasil


A coqueluche é uma doença infecciosa aguda, de transmissão respiratória, distribuição universal, imunoprevenível e de notificação obrigatória. Compromete especificamente o aparelho respiratório (traqueia e brônquios), e se caracteriza por paroxismos de tosse seca.

A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato direto de pessoa doente com pessoa suscetível, por meio de eliminação de gotículas de secreção de orofaringe eliminadas ao tossir, falar ou espirrar. É raro, mas a transmissão também pode ocorrer por objetos contaminados com secreções do doente.  O agente etiológico da coqueluche é a bactéria Bordetella pertussis, bacilo gram-negativo, aeróbico, não esporulado, tendo o homem como principal reservatório.
A confirmação diagnóstica da coqueluche, conforme preconizado pelo Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, é feita pelo critério laboratorial, por meio da cultura da bactériaBordetella pertussis ou pelo isolamento por técnica de PCR(Reação de Cadeia de Polimerase). Tem-se observado elevado índice de culturas negativas dentre os casos notificados, o que pode estar relacionado ao uso de antibioticoterapia prévia ou a falhas nas técnicas de coleta, acondicionamento e transporte das amostras.
A confirmação também pode ser feita pelo critério clínico ou clínico-epidemiológico. O critério clínico pode considerar, além das manifestações clínicas, o resultado do hemograma. Na fase catarral da doença, os casos exibem um aumento significativo do número de leucócitos (leucocitose) e linfócitos (linfocitose), podendo chegar a 20.000 e 10.000 células/mm3, respectivamente. Enquanto a presença de linfocitose e leucocitose conferem forte suspeita clínica de coqueluche, sua ausência não exclui o diagnóstico da doença, devendo ser levado em conta o quadro clínico e laboratorial individual.
A principal medida de prevenção contra a coqueluche é a vacinaçãodos suscetíveis na rotina das unidades básicas de saúde, sendo preconizada no Calendário Básico de Vacinação do  Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde a vacina pentavalente (que oferece proteção contra difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenza tipo b e hepatite B), indicada para imunização ativa de crianças a partir de dois meses de idade, em esquema de três doses, com intervalo de 60 dias entre as doses.
Outras medidas de prevenção e controle podem ser adotadas: controle da fonte de infecção para os casos hospitalizados e não hospitalizados, quimioprofilaxia dos comunicantes e ações de educação em saúde. Define-se como comunicante qualquer pessoa exposta a contato íntimo prolongado com um caso de coqueluche, no período de até 21 dias antes do início dos sintomas do caso.
O cenário epidemiológico da coqueluche no Brasil, desde a década de 1990, apresentou importante redução na incidência dos casos (Gráfico 1), resultado da ampliação das coberturas vacinais de tetravalente e DPT. Naquela década, a cobertura vacinal alcançada era de cerca de 70% e a incidência era 10,6/100 mil habitantes. À medida que as coberturas elevaram-se para valores próximos a 95 e 100%, no período de 1998 a 2000, observou-se que a incidência baixou para 0,9/100 mil habitantes. Com a manutenção das altas coberturas vacinais, observou-se, na última década, variação da incidência de 0,72/100 mil habitantes, em 2004, para 0,32/100 mil habitantes, em 2010.
alerta coqueluche
Fonte: Sinan/UVRI/CGDT/DEVEP/SVS/MS – *Dados sujeitos à revisão
Em meados de 2011, observou-se um aumento súbito do número de casos e, a partir da semana epidemiológica (SE) 30 aquele ano, a incidência ultrapassou o limite superior esperado ao se comparar com o período de 2006 a 2010. Durante todo o ano de 2012, o número de casos por SE manteve acima do esperado.
alerta coqueluche 2
Fonte: Sinan/UVRI/CGDT/DEVEP/SVS/MS – *Dados sujeitos à revisão
Segundo dados registrados no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN), foram notificados, até a última semana epidemiológica (SE 52) de 2012, 15.428 casos suspeitos de coqueluche no país. Destes, 4.453 (28,9%) foram confirmados, representando um incremento de 97% em relação ao mesmo período de 2011, em que foram confirmados 2.258 casos.
Em relação à distribuição espacial dos casos, a Figura 1 demonstra os estados que apresentaram maior incidência de coqueluche no ano de 2012. Destacam-se o Espírito Santo, com 15,7 por 100 mil habitantes, e o Rio Grande do Sul, com 6,7 por 100 mil habitantes.
alerta coqueluche 3
Fonte: Sinan/UVRI/CGDT/DEVEP/SVS/MS – *Dados sujeitos à revisão
A faixa etária que apresenta o maior número de casos e incidência da doença é a dos menores de um ano de idade. Essa faixa etária corresponde a cerca de 70% dos casos de coqueluche no país.
Tabela 1. Incidência e letalidade dos casos de coqueluche por faixa etária. Brasil, 2011 e 2012* (por cem mil habitantes)
alerta coqueluche 4
Fonte: Sinan/UVRI/CGDT/DEVEP/SVS/MS – *Dados sujeitos à revisão
Em relação ao total de casos confirmados de coqueluche entre menores de um ano de idade (2.924) em 2012, observa-se que 85% (2.478/2.924) ocorreu entre menores de seis meses de idade (Gráfico 3). Ressalta-se que a imunidade conferida ao indivíduo é adquirida pela doença ou ao receber a vacinação completa (três doses da DTP + Hib mais dois reforços da DTP)*. No entanto, a eficácia da vacina varia entre 70 e 80%, após o esquema básico e não é vitalícia.  Os menores de seis meses de idade, grupo etário mais atingido em todos os anos avaliados, foram os mais suscetíveis à doença, uma vez que não receberam o esquema básico completo da vacinação (pelo menos três doses da DTP), conforme preconizado no calendário de vacinação da criança do Ministério da Saúde.
*DTP: vacina contra difteria, tétano e coqueluche, administrada como parte da vacina pentavalente, no esquema básico de vacinação, ou como componente, DTP isoladas, nos reforços. 
Gráfico 3- Distribuição de casos de coqueluche, estratificada por faixa etária até um ano de idade. Brasil, 2012*
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Fonte: Sinan/UVRI/CGDT/DEVEP/SVS/MS – *Dados sujeitos à revisão
Em 2012, observa-se que menos de 50% dos casos confirmados de coqueluche foram encerrados pelo critério laboratorial (cultura e PCR). Os estados que apresentaram, naquele ano, o maior número de casos confirmados laboratorialmente foram: Sergipe 100% (2/2), São Paulo 85% (777/916), Tocantins 56% (5/9), Santa Catarina 55% (131/240) e Rio Grande do Sul 54% (418/774).
Em 2011 foram registrados 56 óbitos e, em 2012*, 74 (aumento de 32%), conferindo uma letalidade de aproximadamente 2,0 %.
Figura 2- Distribuição de casos de coqueluche por semana epidemiológica. Brasil, 2011 e 2012*
 alerta coqueluche 6
Sendo assim, o Ministério da Saúde alerta a todos os  profissionais de saúde, da rede pública e privada, quanto ao cenário epidemiológico atual da coqueluche no Brasil e no mundo, e recomenda às equipes de vigilância epidemiológica das Secretarias Estaduais e Municipais da Saúde para:
- Notificar e investigar, imediatamente, todos os casos (suspeitos e confirmados), com vistas ao diagnóstico precoce, tratamento adequado e adoção de medidas de controle oportunamente;
- Realizar a quimioprofilaxia, conforme preconizado no Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, nos contatos próximos, imediatamente após a suspeita do caso, com o objetivo de evitar a disseminação da doença.
- Realizar coleta de secreção de nasofaringe para realização de cultura e ou PCR, seguindo os procedimentos preconizados pelo Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde quanto à coleta, ao transporte e ao acondicionamento do material clínico, para o êxito do isolamento e identificação do agente etiológico;
- Avaliar rotineiramente as coberturas vacinais dos menores de seis anos com as vacinas pentavalente e DTP, assim como implementar estratégias de vacinação quando necessário (caso a cobertura vacinal seja inferior a 95%);
- Em situação de surtos de coqueluche, deverão ser encaminhadas ao Instituto Adolfo Lutz (IAL/SP), para validação e caracterização de cepas, 100% das amostras positivas e 10% das negativas processadas por cultura pelos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN).